Enquanto o tempo passa… fico só e contemplo
a janela. Do outro lado da rua há outra e mais outra, uma série de janelas
perfilam em tons pouco poéticos que marcam a cidade grande. A imagem é comum.
Pergunto-me: para que serve uma janela? Elas supõe a existência de dois mundos,
um do lado de cá, uma casa, um quarto, um ambiente qualquer. Outro, do lado de
lá, uma rua, um espaço amplo, um acontecimento, outras casas, outras vidas, outros
mundos. Aparentemente são sombras opondo-se à luz, são ambientes contra imagens
turbulentas. O que esperar de tantas contraposições? Mas, vamos mudar de
posição. Contemplo meu mundo, estando fora dele. Meu interior, minhas
recordações. O que eu guardei dos anos vividos? O que ainda guardarei?Descubro-me
no meio do caos, subdividida entre o que poderia ter sido e o que não sou.
Observo os que estão em volta, e constato quantas são as possibilidades de vida
diferentes e inconsequentes, sem preocupações, sem ansiedades de um para outro
lado. Meu Deus!Por que me fizeste tão fraco Se sabias que eu era
humano? Por que me disseste tão pouco Se sabias que estava pronto para
escutá-lo Por que não me mostraste as belezas do mundo Se sabias que meus olhos
só viam mazelas?Por que não me fez sentir o toque da seda Se sabias que de
minhas mãos só brotavam urtigas? Por que não me deste o dom do canto Se sabias
que eu precisava sentir a voz da natureza? Agora o tempo passou. Sou surdo, já
não ouço os apelos da vida A vida que se esvai a cada balanço infindável Do
relógio sem pilhas. Agora a memória se dilui Quero lembrar, mas não há
lembranças Quero ouvir, mas não existem sons Quero ver, mas as belezas se
esconderam atrás de todos os pensamentos Só posso constatar Sou humano…Familia....!?
Uma situação indefinível....!!!
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