Tenho a concepção ideológica de não dar esmola. Seja por não ajudar a solucionar o problema, seja por condicioná-lo a comodidade, válido para jovem, adulto, até mesmo artista cênico; mesmo porque qualquer um que aprende habilidades manuais com tamanha destreza em tão pouco tempo merece ser chamado de artista. O problema sempre será mais profundo que essa ponta que aparece nos semáforos. Mas outro dia furtei-me de meus principios. Deve ser porque não resisto a um velhinho. Olhar idoso, voz idosa, com mão estendida, cortam meu coração em pedaços que mágico nenhum consegue juntar. Tentei ignorar, passei como se não fosse comigo aquela voz rouca daquela senhora sentada no meio da rua. Seu cobertor só cobria as pernas até a altura das coxas. Sua mão estendida, mesmo frente à minha indiferença, soou mais alto que qualquer palavra. Parei. Voltei. Das moedas que tinha no bolso nenhuma restou comigo. Ao entregar, percebo algo que tocou-me ainda mais. Além de idosa pedinte, o que já é um desespero para qualquer olhar otimista para o mundo, percebo que também é cega. Seu olhar reto no horizonte, agradecendo pela mísera doação feita, comprovou minha suspeita. Tenho a desgraça de ver a imagem triste e depressiva de uma pobre miserável, impotente, em seu crepúsculo da vida. Feliz torna-se nesse momento essa senhora, que possui a singela graça de não ver minha humilhação e decepção diante do mundo e das pessoas, em que se permite ofertar comida e bom banho a alguns favorecidos, menos a ela. Não bastasse isso, ainda recebo um carinhoso “Que Deus te abençoe, meu filho”. Queria que todos fossem surdos; alimentaria ainda mais minha omissão diante da vida.
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
Convite para minha formatura em Direito.
A partida sempre é dolorosa, ainda mais quando esperamos que sua presença seja eterna ao nosso lado. Muda nossas vidas por completo. Temos que agora adaptar-se a não ter aquele pai ou mãe ao seu lado. A mão, que antes te amparava nos momentos de dificuldade, agora não existe mais, pelo menos não do jeito que queríamos, porque ainda nos toca em nossos corações, como um vento frio que sopra no meio da noite. O coração aperta e as lágrimas descem, como se elas pudessem dizer algo a eles, assim como descem nesse exato momento que escrevo essas palavras. O que resta a mim? Prefiro não ficar triste. Se amamos mesmo, levaremos somente momentos de felicidade, que completam nosso dia de uma forma mais alegre e esperançosa. Se somos o que somos, devemos somente a eles, genética incondicional, assim como foi seu amor por nós. Amamos e sempre amaremos independente da distância física e temporal. Não somos eternos, mas eterno sempre vai ser seu amor por nós, filhos que sentem saudades.
Quem tem familia hoje de verdade?! Quem acabou foi a Familia não o Mundo.
A felicidade está dentro de cada um, eu já vi catador de latinha dizendo q é muito feliz. A felicidade não está no dinheiro que é dado quem pénsa assim são doentes e egoístas tem uma personalidade violenta e echam que vão ter os filho para o resto da vida....ledo engano eles estão fadados a morrem sem amigos e sem seus filhos o dinheiro compra momento não compra família...,A FELICIDADE não está na casa própria, não está no carro do ano, se fosse assim não veríamos ricos se matando, matando os outros, ou em psicólogos. tudo são colaborações de famílias que se amam de verdade - hoje quase não existem. Quem procura a felicidade no acumulo de bens nunca saberá o que é a verdadeira felicidade, terá apenas uma frágil felicidade que se acabará facilmente se perder todos os bens como num desastre natural ou falência. Quem acha a felicidade dentro de se mesmo, pode ser pobre, deficiente, ou qualquer outra coisa que será feliz do mesmo jeito.Assista o filme "A vida é bela" para ver como não importa onde estejamos, podemos ser felizes.Qual a verdadeira riqueza desse mundo? No dicionário é sinônimo de abundância, ostentação e luxo. Mas acredito que esteja longe disso. Recentemente tive dois exemplos claros de que a riqueza de fato está contida em outra fonte. Vi um programa que mostrou a história de um senhor heptagenário que possui três empregos humildes, acorda as 4:oo para começar a rica jornada de trabalho, adorado por todos habitantes da pacata cidadezinha. Quer saber se é infeliz? Seu sorriso espontâneo a todo momento responde essa pergunta. Quer outro exemplo? Há alguns dias fui hospedado na casa de um grande amigo. Casa simples que acompanha uma familia simples e linda. A todo momento sou questionado se estou sendo bem tratado. A todo momento recebo pedido de desculpas por qualquer falha na hospedagem. Para minha surpresa, encontro uma mesa farta sempre, e quando digo farta não significa nenhuma ostentação. Encontro também uma mãe autônoma que cria seus filhos com muita intuição e amor. Intuição que é expresso no coração bondoso de seus filhos; ajudado por um padrasto carinhoso e dedicado. Sou uma pessoa rica? Sou a medida que aprendo com o senhor heptagenário e choro com sua história de superação. Sou a medida que extraio dessa familia todas as qualidades que preciso para ter uma familia verdadeiramente rica de sentimentos e preceitos de vida. Quero viver dessa fonte de forma inesgotável.
Caridade....nas coisa simples!
Só assim mesmo para retornar de tanto tempo; necessitei forçar-me a compor essas palavras e, ainda por cima, em um tema mais que difícil. Pra mim felicidade não é apenas a ausência da tristeza, vale mais que isso. Aquela criança abre um sorriso quando vê a folha cair na cabeça do velhinho; que bom que o velhinho ri por contribuir com aquele sorriso. O rapaz fica feliz com a promoção em seu emprego, a garota fica feliz quando ele nota seus três mínimos centimentros de corte de cabelo. Há quem me disse que a felicidade não existe; nunca nos contemos com nada, queremos sempre algo que nunca temos, admiramos algo que nunca teremos; esse prazer estampado nesse sorriso é muitas fezes resultado de benfeitoria em nós mesmo, nunca nos outros. Talvez fazer algo de coração, por mais mínimo que seja, seja um bom caminho pra começar o dia. De preferência em que quem saia mais ganhando, na verdade, seja o outro. Se for um desconhecido então… parabéns! Talvez você tenha encontrado uma felicidade diferenciada. Uma felicidade que, por mais diferente de qualquer sentimento humano moderno, está muito mais ligado à aquela criança e àquele velhinho do que você possa imaginar. Pense nisso.
domingo, 23 de dezembro de 2012
Estou formado em direito ...fim de 5 anos de luta....!!
...agora, meu amigo, você senta e chora... E se você não sabe o motivo, leia o pequeno texto que escrevi abaixo. Ele sintetiza tudo o que eu estou sentindo neste exato momento. Já adianto em minha defesa: há uma alta dose de ironia e sarcasmo no texto. (Temis, deusa grega da justiça e maior vítima do direito atual. Parafraseando Tobias Barreto, eis nossa justiça, não mais peituda e vendada, mas sim, peitada e vendida...) - Finalmente, livre! É o que gritava o espírito do recém-formado bacharel em direito. Já sua mente, um pouco menos polida, urrava em alto e bom som “Acabou essa luta! Hahahaha!”. E não poderia ter sido outra sua reação, afinal, os longos e tortuosos 5 anos de extrema labuta acadêmica – e nas horas vagas, etílica – haviam por fim acabado, e ele finalmente se tornara...O que ele se tornara mesmo? Ah, sim... um bacharel... em direito. Viva......A euforia inicial o abandonara. O súbito choque de realidade esvaziara seu ânimo tão rapidamente quanto um universitário o faria com sua caneca de chopp. E só lhe restava agora a ressaca dos recém-formados, pois no fundo ele sabia que apenas no direito ocorre um fenômeno curioso após o término da faculdade: o recém-formado torna-se, com sua conquista, menos do que era antes. O conceito lhes parece estranho? Permita-me explicar. Após a dura batalha pela sobrevivência universitária e escraviária, o recém-formado na secular profissão jurídica sente como se a faculdade lhe desse um tapinha de “boa sorte” nas costas, enquanto lhe aplica o fatídico “pé na bunda” que o introduzirá no selvagem mercado jurídico de trabalho. Confuso, o recém-enxotado em direito, após as cerimônias de encerramento de praxe, se dirige ao seu antigo emprego, onde é informado por um comunicado de seus chefes que, “apesar do notável esforço e comprometimento do estagiário com seu serviço, o escritório não está preparado para receber mais um membro em seus quadros já inchados em virtude da estagnação do mercado, e, infeliz e lamentavelmente, não será possível sua manutenção no rol dos escraviá estagiários da empresa”. E o mais engraçado é que, no dia seguinte, o recém-desempregado sempre descobre pela fofoca nos egroups que o filho do melhor amigo do dono do escritório acabou de ser promovido de estagiário a advogado-sócio de fato, e seu irmão menor tomou sua antiga vaga no setor de “duplicação de documentos e protocolo de emergência” – sendo, é claro, rapidamente promovido para a chefia do local em tempo recorde. Quanto aos estagiários que trabalham arduamente na rede pública, estes sequer se preocupam com tais problemas... Nenhum deles precisa ser um detetive pra saber de antemão por quem, quando, e como serão sumariamente exonerados de seus cargos - “Foi o departamento de RH - no fim do contrato - com o comunicado interno”. Então, o que acontece é que não importa se você trabalhava no Tossano, no Adeverest, no Eucalipto Neto ou em qualquer órgão público... A questão é que você VAI ser um desempregado, e ponto final! “Bem, mas eu tenho UM DIPLOMA! Eu sou FORMADO!” Clap, clap, clap... Parabéns, campeão! Só que não te explicaram uma coisinha mínima...UM BACHAREL EM DIREITO NÃO PODE FAZER ABSOLUTAMENTE NADA! Zero, nada, niet! É isso aí, amigão... Quer prestar um concurso público? Já imaginou? Defensor Público, Promotor de Justiça, Magistrado, Procurador... Bons salários, dá pra comprar aquele carrão que você sempre quis, encher ele de loiras – quentes e geladas – ou curtir aquela viagem com tudo caro – não errei na grafia – em um cruzeiro pela Europa8. Ótimo... Mas... Ah, que pena, não tem OAB? Precisa, né... Hey, mas não fique triste, eu fiquei sabendo que tá abrindo um concurso ótimo pra escrevente do Tribunal de Justiça...Quer advogar? Bem, você pode... Aliás, se quiser, pode inclusive se inscrever no convênio da Defensoria Pública que eles arrumam causas pra você! Moleza, hein? Não precisa nem correr atrás... A famosa tática "Maomé". Só tem uma coisinha, uma exigenciazinha boba... Precisa de OAB!É is so camarada, O-A-B! Não, isso não é um absorvente feminino... É um pedacinho de plástico que te classifica como advogado. Como arrumar? É simples, é só fazer uma provinha com a matéria de TODO o seu curso. Isso mesmo, eu disse TODO O CURSO!...achou que ia se livrar dos debêntures e das enfiteuses? Pois é, a vida não é só feita de Alegações Finais, amigão.E se você acha que vai se livrar disso simplesmente alegando que nunca vai advogar na área cível, pense novamente. Aliás, você é um malandro. É o tipo de cara que pediria aprovação compulsória em Matemática no colégio devido à difusão em larga escala de calculadoras a preços módicos. O senhor é um fanfarrão!
Enfim, essa é a realidade do bacharel em direito: um cara que, em contraste com sua vida anterior, não tem mais emprego, não pode exercer a profissão pra qual estudou durante 5 longos anos (ou mais) de sua vida, não paga mais meia no cinema, não tem direito a passe escolar pra ônibus e metrô...Como diria a inscrição nos portões infernais de Dante:“Aqueles que aqui entrarem, percam as esperanças” Então, pra você, que achou que fazendo direito iria sair da faculdade dirigindo um Aston Martin com uma loiraça do lado – e possivelmente uma morena e uma ruiva no banco de trás – ou, no caso das mulheres, que você seria a loira “tunada” no volante de um, e que sua vida se resumiria a praia, cerveja e muita curtição, sou forçado a lhe informar o seguinte:
Você caiu na pegadinha do direito! Ráaaaaaa!
Enfim, essa é a realidade do bacharel em direito: um cara que, em contraste com sua vida anterior, não tem mais emprego, não pode exercer a profissão pra qual estudou durante 5 longos anos (ou mais) de sua vida, não paga mais meia no cinema, não tem direito a passe escolar pra ônibus e metrô...Como diria a inscrição nos portões infernais de Dante:“Aqueles que aqui entrarem, percam as esperanças” Então, pra você, que achou que fazendo direito iria sair da faculdade dirigindo um Aston Martin com uma loiraça do lado – e possivelmente uma morena e uma ruiva no banco de trás – ou, no caso das mulheres, que você seria a loira “tunada” no volante de um, e que sua vida se resumiria a praia, cerveja e muita curtição, sou forçado a lhe informar o seguinte:
Você caiu na pegadinha do direito! Ráaaaaaa!
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