Toda doença crônica, em qualquer membro da
família, acarreta em mudanças para toda ela, seja na preocupação com o ente
adoentado ou na resolução de problemas de ordem prática, como: trabalho,
passeios, viagens e outros compromissos. Comumente os membros da família cedem às
exigências do doente, deixam de usufruir de suas vidas e/ou evitam auxiliar nos
cuidados necessários. A tensão familiar tende a se elevar com discussões e
brigas, dadas às contínuas frustrações, reprovações e culpas. De forma geral,
quanto mais próximo o grau de parentesco maior será o impacto e a tendência dos
familiares modificarem suas vidas em função de assistir ao doente. A decorrência de se menosprezar
os efeitos da doença crônica no seio da família são das mais diversas e
geralmente se torna visível na sua forma extremada, como uma intensa agregação
familiar ou, seu inverso, a desagregação. Fazer tudo
pelo doente ou abandoná-lo constituem modos problemáticos e denotam uma falta
de integração e possibilidade de discutir soluções alternativas, que contemplem
tanto o desenvolvimento familiar quanto a assistência ao doente. A
possibilidade de discutir o problema e se deparar com o sofrimento, que atinge
diferentemente cada membro da família, pode ter desdobramentos muito
satisfatórios. Tais resoluções melhoram as comunicações, abrem possibilidades
de administrar a situação e melhora capacidade da família em lidar com uma
instância crônica. Desta forma, um posicionamento diferenciado e adequado da
família frente à doença e ao doente, propicia uma melhora no tratamento e, consequentemente,
no quadro clínico. A terapia
familiar, no caso de uma doença crônica, não difere dos demais processos
terapêuticos, ou seja, pode assumir vários rumos conforme a demanda e
desenvolvimento da família no decorrer das sessões. Parafraseando Oliver Sacks: não se deve perguntar que doença a família
tem, mas que família a doença tem?
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