Basta olharmos para o lado nas calçadas, nos shoppings, locais públicos em geral e, principalmente na TV e nas redes sociais, para nos depararmos com pessoas demonstrando estar por dentro das novas tendências que ditam moda e das últimas tecnologias, sempre prontos a tecer comentários sobre tudo e sobre todos. São rostos saudáveis e sorridentes, corpos em dia com os padrões de beleza. Aparência cada vez mais parecida com anúncios de revista.
Todos têm mil amigos e muitas fotos para compartilhar de viagens, festas e trivialidades do cotidiano. Há uma urgência em se parecer bem. Uma necessidade de se mostrar feliz.
Mas há algo de estranho nesta aparente felicidade e disposição para aparecer... Não... Não se trata de uma crítica à modernidade ou uma crise de nostalgia, achando que em outros tempos éramos felizes e não sabíamos. Tão pouco uma observação contra a sociedade capitalista. Mas como estamos inseridos nesta realidade, é prudente olharmos tudo com a lente da razão, percebendo o “espírito destes tempos”.
Kardec comenta a respeito na questão 783 de O Livro dos Espíritos:
“O homem não pode conservar-se indefinidamente na ignorância,
porque tem de atingir a finalidade que a Providência lhe
assinou. Ele se instrui pela força das coisas. As revoluções morais,
como as revoluções sociais, se infiltram nas idéias pouco a pouco;
germinam durante séculos; depois, irrompem subitamente
e produzem o desmoronamento do carunchoso edifício do
passado, que deixou de estar em harmonia com as necessidades
novas e com as novas aspirações.
Nessas comoções, o homem quase nunca percebe senão a
desordem e a confusão momentâneas que o ferem nos seus interesses
materiais. Aquele, porém, que eleva o pensamento acima
da sua própria personalidade, admira os desígnios da Providência,
que do mal faz sair o bem. São a procela, a tempestade que
saneiam a atmosfera, depois de a terem agitado violentamente.”