Por que sou obrigado a ver e conviver com essa
degradação humana, com essa onda de insensatez, com essa total inversão de
valores, com esse ódio que cada qual abraçou pelo seu semelhante, visto que só
o hoje é o que vale, só o "eu" é importante? Que mundo é este? Que
espécie de convívio degradante o bicho homem escolheu para usufruir da dádiva
de "viver"? Encolhido em sua casca, numa total ausência de coragem,
numa aceitação tácita dos vícios que corrompem a sociedade e diretamente o
atinge, o homem não reage, não luta, entregue ao poder cego que constrói seus
alicerces sob o manto de uma justiça falida e inoperante, porque o povo
preferiu, na sua santa imbecilidade, achar que apenas Deus deve operar o
milagre da transformação. Por certo, esse aí não é o "meu Deus". O
"meu Deus" deu-me de presente, toda a capacidade de raciocínio, as
opções de escolha, os instrumentos para que eu desfrutasse da maravilha que
poderia ser o convívio humano. O "meu Deus" faz milagres em mim
quando enfraqueço, mas tenho certeza de que espera de mim, no mínimo, que eu
percorra os caminhos do bem e da verdade.
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