quinta-feira, 2 de maio de 2013

Destruindo um mundo.....

Às vezes olho pra vida nossa e consigo claramente perceber um processo um tanto quanto curioso (pra não incluir já no começo um julgamento de valor): passamos os primeiros anos da nossa vida ouvindo "verdades", aprendendo as regras do mundo, nos conformando, aprendendo a ouvir, a calar, a aceitar, a questionar só um pouquinho, a introjetar a visão de mundo do mundo, o famozérrimo senso comum.Aí êntramos na adolescência e uma descarga extratosférica de hormônios nos bagunça as ideias, os quereres e os pensares, e para não sucumbirmos enquanto indivíduos únicos nós mandamos todo o sistema às cucuias. Não conseguimos pôr nada no lugar, mas a vontade é de implodir tudo, só por raiva, só pra descarregar a energia, só pra gritar ao mundo que ele está todo errado. Nem sabemos bem o que está errado, mas está errado e que vá pras cucuias! Aí os hormônios dão uma trégua e viramos adultos. Muitos voltam ao sossego e ao enquadramento, à corrente confortável do senso comum, repetindo discursos gastos como se fossem suas próprias ideias, e muitos desses são bem felizes. Mas tem quem em si mantenha um pouco daquela rebeldia, e queira sair dos opostos "concordo com tudoo" x "discordo de tudo". E então essas pessoas olham o mundo de uma outra forma. Querem entender o que fez do mundo o mundo que o mundo é hoje, entender mesmo. E começa um processo lindo de desconstrução... Se entrar nesse caminho você sentirá o prazer e o medo de ver suas certezas se esfarelando, indo ralo abaixo, e sentirá emoções que variam de um encantamento, um apaixonamento por este mundo, a uma desesperança, um ódio da humanidade que desde que "caiu" do paraíso vem tornando a vida dos outros (que também são humanidade) um inferno.
Eu tenho uma relação estranha com o facebook. Isso nada tem de anormal, você dirá, o que não existe é ter uma relação normal com o facebook. E eu concordo.Direi-te então que olho para essa criatura com bastante curiosidade e perplexidade. Lá estão reunidos grande parte de meus conhecidos e amigos, todos juntos sem se tocar, sem se falar, todos juntos numa única tela. Lá eu vejo uns poucos diálogos, mas centenas de monólogos diários. Lá as pessoas se fazem quem querem ser, "postam" frases que acham legal admirar, notícias que as tocaram e querem compartilhar, fotos de momentos felizes com pessoas queridas. E nesse se construir voluntariamente, escolhendo que pedaços revelar e que pedaços esconder, as pessoas transparecem mais do que gostariam... E demonstram sua carência, parecendo esperar um "boa noite" do mundo quando informam que vão dormir, um "que legal!" ou pelos menos alguns "curti" quando colocam um conteúdo que consideraram fantástico. Lá todos querem dizer ao mundo como deveriam ser para o mundo ser um lugar melhor! E estão todos certos! E todos errados...Fico me perguntando se essa ansia de se mostrar ao mundo não inibe a necessidade de olhar para si mesmo... É como se falar de si, ou simplesmente postar qualquer coisa, fosse mais importante do que conhecer a si... quantas pessoas pensam três vezes sobre o que postaram, e porque postaram, e o que querem com aquilo, e se vivem de acordo com aquilo que querem que os outros vivam de acordo. sejo pessoas que não saem de dentro de si, mas estão lá se expondo, porque isso o facebook permite: você está fora de si e não está fora de si, está lá postado e bem dentro de si mesmo, sem lancar um olhar real ao outro, sem lançar um olhar real a si mesmo, mais preocupado em ser visto do que em enxergar o outro ou a si. Pessoas que não saem de verdade de dentro de si, que talvez acabem por, como disse o poetinha, morrer sem amar a ninguém, dizendo aos outros que quem de dentro de si não sai vai morrer sem amar ninguém. Porque é mais fácil "falar" do que ouvir, sempre foi...Quando entro no facebook fico procurando em mim qual é a curiosidade que me faz querer saber o que importa aos outros, qual a carência que me leva a querer que saibam que estou ali, qual o afeto que me leva a curtir uns, ignorar outros... Estar no mundo não é sair de si, conhecer-se a si mesmo e estar em contato com as próprias emoções não é estar isolado do mundo. Saiamos pois de nós, mas carregando conosco nós mesmos, sabendo que mais importante do que o olhar do outro sobre nós é o nosso olhar sobre nós e o mundo.Ou, claro, posso estar totalmente errado!

Tentar o caminho do meio...

Já disseram grandes pensadores:o caminho do meio é o melhor!No mundo do 8 ou 80, de gregos e troianos, é difícil a vida quando não queremos ser do extremo. Não quero ser 8, nem 80, nem grego, nem troiano. Nem quente demais, nem frio demais... Quero ser justo, e ser racional e ser emotivo. Quero saber o que fazer quando não conseguir tomar uma decisão, e aguentar as consequencias do que fiz sem certeza de que fiz o certo. Porque raramente há certeza, e raramente há "o certo". Vida no fio da navalha. E não quero tombar nem pra lá nem pra cá. No morno exato, o que aquece no frio, refresca no quente, que equilibra emoções loucas, que dá vida a pensamentos crus e duros. No fio da navalha tento viver a vida: que tenso! Pior que manter o equilíbrio, pior que o medo de cair, pior que a tensão é a certeza do tombo pro lado errado, a dor de não perceber a dor de quem tombado do outro lado está. Talvez se eu ampliar bem meus horizontes, abrir muito a minha mente, for capaz de aceitar até o mais bizarro e incompreensível ser, se conseguir olhar com um pouco de compaixão até para o mais miserável e cruel sujeito, se olhar através, se ver em quem posso odiar uma razão, por menor que seja, para amá-lo, talvez o fio da navalha se torne uma enorme plataforma, um tapete voador, de onde eu flutue sem medo de cair e sem ter de ser 8, ou 80.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Uma Vida em Outra Vida

Aquela era uma das muitas visitas que eu costumava fazer a morada das velhinhas – a casa dita e tida, como que, de repouso -. Eu olhava cada uma delas, e, podia sentir as suas ansiedades; os seus olhinhos brilhando em busca de encontrar seus filhos, entre os grupos de visitantes. Algumas, com sucesso, abraçavam seus familiares e se recolhiam a um cantinho para colocarem os assuntos em dia. Trêmulas, enrugadas, enfraquecidas e abandonadas.

Meditei no quanto se doaram durante suas vidas; em suas renúncias, em todos os sentidos. Algumas, até mesmo, do próprio alimento, para livrarem os filhos da dor da fome.

Pensar, que cada filho deve a sua existência primeiramente a Deus, e, a quem Ele escolheu, para lhes gerar. Fato é que muitas mães não souberam cumprir o seu papel como deveriam.Não si valorizaram e, tampouco, aos filhos. Porém, quantas mães ‘verdadeiras’, jamais se separaram dos seus filhos... ao invés disso, renunciaram a uma vida melhor por eles.Entretanto, ao chegarem a idade em que mais precisam de afeto e aconchego familiar, se viram despojadas por esses filhos, de tudo quanto, construiram em vida.

Poderiam passar os seus últimos anos, convivendo com os netos. Pois, toda a dedicação prestada aos filhos no longo percurso de suas caminhadas, seriam enfim, compensadas.

As desculpas que esses filhos costumam dar para se verem livres dos “pesados fardos” são as mais convincentes possíveis. Desde o fato de não terem tempo para cuidar dela, por trabalharem e não terem como deixá-la só, até o curioso fato de estarem atendendo ao pedido da própria mãe, que, assim decidiu.

Ora, como pode uma mãe, que, quando com vigor, renunciou a tudo, para que, pudesse estar sempre ao lado do filho, resolver se afastar dele e da família, para viver seus últimos dias na solidão? 

Casa de repouso não é hotel.Nada se compara ao aconchego do lar.., a menos que esse tenha deixado de ser. 

O que mais pode alegrar a uma pobre e velha mãe, senão, usufruir do lar, dos filhos e netos? Sabemos, porém, que na maioria das vezes são as noras, as esposas desses filhos, que costumam com um jeitinho ‘AntiDeus’, dobrar os seus esposos aos seus caprichos - “Sua mãe estará convivendo com gente da mesma idade, vai ser ótimo pra ela.”

Gente da mesma idade! 
Todos sonolentos, ranzinzas, alguns briguentos, queixosos, chorões, doentes e outros que já morreram e, ninguém se apercebe, estando num cantinho isolados, clamando em seus espíritos pela hora de seus funerais, que será num caixão barato, pois, o salário deles, dirigido pela ‘casa de repouso’ não dará para nada melhor. Será que o seu filho e/ou filha comparecerá? Ou estarão dando tudo de si, aos seus pequenos e amados filhos...?

Ouvi uma voz eufórica vinda de uma anciã, que, corria para abraçar uma jovem senhora que, caminhava em sua direção:
– ”Minha filha, minha filha! Você veio... Filha!
E, com tristeza, vi a jovem senhora abraçar outra anciã, que, se encontrava próxima a velhinha eufórica. 
Fiz um sinal para uma irmã da Igreja, que nos acompanhava nessa visita.Ela entendeu: caminhou para a velhinha e a abraçou, dizendo: – Estou aqui...! Estou aqui!
E as duas choraram juntas.

A gratidão é a maior medida do caráter de uma pessoa. Uma pessoa grata é uma pessoa fiel, não te abandona, está sempre contigo. Nela você sempre pode confiar.Os nossos inimigos são vulgarmente aqueles a quem devemos, ou que nos devem ingratidão.A gratidão desbloqueia a abundância da vida. Ela torna o que temos em suficiente, e mais. Ela torna a negação em aceitação, caos em ordem, confusão em claridade. Ela pode transformar uma refeição em um banquete, uma casa em um lar, um estranho em um amigo. A gratidão dá sentido ao nosso passado, traz paz para o hoje, e cria uma visão para o amanhã.

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