domingo, 24 de junho de 2012

Dinheiro...
Ex-diretor do Banco Central e atual economista-chefe do Itaú-Unibanco, o economista Ilan Goldfajn reúne a experiência de quem esteve no governo, está no mercado e tem um conhecimento acadêmico inquestionável (é PHd no Massachusetts Institute of Technology). Nesta entrevista, por telefone, ao Poder Econômico, Goldfajn elogia, com algumas ressalvas, as medidas anticíclicas do governo. Mas alerta sobre um risco que a crise trouxe, de novo, ao cenário brasileiro: o fator surpresa. Segundo ele, é isso que está assustando o investidor estrangeiro. “Medidas de política econômica demandam tempo de maturação”, diz. Ah sim, para quem gosta de projeções, Goldfajn arrisca um crescimento do PIB de 2% em 2012 e a taxa básica de juros (Selic) em 7,5% em dezembro. Eis nossa conversa:
Poder Econômico – Qual a sua opinião sobre o antigo debate, que virou novo, sobre estímulo ao consumo versus investimento?
Ilan Goldfajn – A economia está crescendo pouco, demorando a reagir, logo é preciso estímulo. Quanto mais, melhor. Estímulos de queda de juros, redução tributária são importantes. Defendo essa linha, com ressalvas à forma.
Poder Econômico – E a inflação?
Ilan Goldfajn – Já vi mais risco. Com a quantidade de estímulos adotados no início do ano, fiquei preocupado. Agora estou menos. A economia está reagindo em ritmo lento. É o resultado da combinação de dois fatores: internacional e interno. Os investidores estão segurando para ver como vai ser o comportamento da economia lá fora. Mas, mesmo com menos investimentos, o risco de inflação é baixo.
Poder Econômico – Com os estímulos, como analisa o risco fiscal?
Ilan Goldfajn – O governo está começando a expandir, mas não estou vendo os gastos explodirem este ano. Há controle dos gastos com funcionalismo – tanto que tem várias áreas em greve. Há estagnação dos gastos de Previdência. Então a expansão tem que continuar porque está sendo feita muito mais via corte de impostos. É uma política que eu recomendaria.
Ilan Goldfajn – Não. Tem coisas que eu não faria. Há um excesso de intervenção no câmbio, por exemplo. A questão do IOF, de aumentar, reduzir, aumentar, reduzir. Essas medidas setoriais sou contra. Defendo as medidas horizontais, como redução dos juros. É tentar por aí estimular o investimento. Ainda não pegou, mas é por ai. A iniciativa privada está mais lenta na reação. O governo tem que tentar com investimentos próprios, embora tenha o desafio de entraves burocráticos, leis ambientais e tudo o que a gente sabe que protela o investimento do governo.
Poder Econômico – O capital estrangeiro perdeu a euforia com o Brasil?
Ilan Goldfajn – Todos nós que estamos sempre em contato e conversando com investidores estrangeiros temos sentido isso. Mas não são todos os investidores. Aquele que está chegando pela primeira vez ao Brasil, está investindo e sentindo algum retorno, não. Este mantém. Está aí a balança de pagamentos de maio registrando 3,7 bilhões de dólares. Este ok. Mas tem investidores que compram papéis, ações, este está mais reticente.
Poder Econômico – Qual a preocupação maior?
Ilan Goldfajn – Em resumo, eles estão achando que tem muita medida de frequência muito alta.
Poder Econômico – Traduzindo: interferência demais.
Ilan Goldfajn – Não diria assim. Não é a forma. São medidas que entram e saem de cena muito rápido. É o fator surpresa que incomoda esses investidores. Eles buscam a estabilidade. Há muito tempo não viam isso no Brasil e a reação à crise recolocou esse timing na política econômica. É a questão da velocidade.
Poder Econômico – Mas a reação não exige esse timing?
Ilan Goldfajn – Às vezes é uma boa forma de fazer. Por exemplo, acho ruim ano após ano aumentar gastos e depois cobri-los com aumento da arrecadação para todo mundo ficar feliz.
Poder Econômico – Essa era a nossa tradição.
Ilan Goldfajn – Há décadas. Esse é um governo pragmático, tem sensibilidade para perceber o que está ocorrendo no dia a dia. Tem objetivo de crescimento. Mas as medidas de política econômica demandam tempo de maturação. Não dá para reverter logo depois, mudar as regras tão rápido. Um lado positivo, porém, é que essa história de ampliar a arrecadação está fora do cenário. Acho que esse ano teremos um superávit primário menor, mas com arrecadação menor também e, espera-se, mais investimentos.
Relações
A questão da comunicação entre as pessoas é hoje um aspecto que ganha destaque por sua relevância na qualidade de vida. Não raras vezes, assistimos assustados episódios nos telejornais, expondo situações corriqueiras, próprias do cotidiano , que terminam em ações violentas, chegando, por vezes, às ultimas conseqüências. Do mesmo modo assistimos conflitos que envolvem até os órgãos responsáveis, eles próprios, pela segurança.
Tudo isso vai delineando um formato social preocupante, onde o imediatismo, a intolerância com a dificuldade, seja em que grau for, vão assumindo a tonalidade predominante nas relações pessoais.
Isso nos remete à perguntas essenciais : o que foi que houve com a dádiva da fala? Em que momento deixamos de utilizar recursos, que nos são próprios, para nos comportarmos de modo irracional? Quando foi que a conversa, velha e boa conversa, saiu da pauta de nosso dia a dia deixando um espaço sem regras, dentro da dinâmica social?
Apontar o dedo para a sociedade, tratando-a como “sórdida, falida, hipócrita”; classificando-a severamente como a vilã da história, de nada nos ajudará, uma vez que sociedade é a reunião de pessoas, e portanto, nos inclui definitivamente, tornando-nos elementos integrantes e participativos dentro dela, seja de modo pro ativo ou não. A sociedade, portanto, não é uma “entidade”, um “ser”, mas é a reunião das pessoas, e estas sim, é que determinam as características que a sociedade terá.
Se desejarmos uma sociedade diferente, teremos que mudar as pessoas; a maneira de pensar e sentir, para que se possa alterar a conduta, já que são essas maneiras de ser que determinam o comportamento do ser humano.
Sem dúvida a linguagem é a principal forma de comunicação e transmissão do conhecimento, idéias, crenças e até emoções. Sua expressão no processo do relacionamento social é determinante.
O convívio coletivo garante a saúde do grupo e enriquece, sobremaneira, o indivíduo que se dispõe a dedicar-se na arte da conversa. Seja ela técnica, acadêmica, social, não importa, é a conversa que cria o elo que ativa a “liga” da sociedade.
Quando falamos em comunicação interpessoal, podemos pensar em pontes. Criar pontes entre os corações, me parece uma maneira simples de compreender a questão. Quanto mais pontes criamos, mais opções teremos por onde transitar. Lembrando sempre que cada qual passeia pelas pontes sem aprisionar ninguém em seu “território” e nem abandonar o seu em detrimento do outro. Este ir e vir entre o coração das pessoas é, em verdade, a base do movimento social autêntico. Quando as pessoas convivem dentro deste trânsito parece haver naturalmente harmonia e entendimento. A conversa, é o meio do qual dispomos a nos fazer entender. Possui regras que asseguram um bom desempenho, de modo a facilitar as relações interpessoais.
O primeiro passo para interferirmos na sociedade e instaurar, em definitivo, a harmonia nas relações, é investirmos na comunicação, praticar a arte do diálogo e recuperar a dignidade de nossa espécie, que é a única, entre os animais, apta a compreender e ser compreendido.
Ainda é preciso considerar o poder que as palavras exercem sobre nos. Quando ouvimos um elogio, há um bem estar que nos invade e acaba por influenciar nossas ações. Da mesma maneira, quando ouvimos uma ofensa, reagimos de acordo com ela, e passamos a nos comportar também de acordo. Esse simples exemplo evidencia a importância que as palavras têm no convívio social.
Talvez, a informalidade como se apresenta hoje, onde todos falam tudo para todos, tenha alguma responsabilidade na questão da disseminação da violência na sociedade, em todas as instâncias. Acho pertinente que se reflita sobre esta questão.
Não se pode negar que a palavra exerce poder sobre nos. Bom lembrarmos que além da palavra em si, a forma como ela é pronunciada, a tonalidade que se usa para proferi-la traz reações também próprias, que se manifestam no comportamento. Portanto, a gentileza, docilidade, aspereza, impaciência, enfim, a forma como se fala algo a alguém, traz sempre resultados compatíveis à sua natureza.
Ao construirmos pontes entre os corações das pessoas, há ainda um aspecto importantíssimo. Quando falamos com alguém, devemos fazê-lo olhando nos olhos de nosso interlocutor, de tal modo que ele possa ver as reações de nosso olhar. Diz um dito: o que a boca fala os olhos tem que endossar. Isso é imprescindível. A comunicação interpessoal embora se apóie na linguagem, conta com todos esses elementos constitutivos, que complementam as informações e facilitam que ocorra o entendimento.
Há todo um universo de comunicação entre as pessoas para ser explorado. E quanto mais nos dedicarmos a ele, melhor será a relação entre as pessoas que, na atual conjuntura, parece estar frágil e debilitada, esperando a interferência de todos nós.
Acredito que a paz é alicerçada no entendimento dos Homens, e para tanto, há que se aperfeiçoar a arte de dialogar.
Tudo isso vai delineando um formato social preocupante, onde o imediatismo, a intolerância com a dificuldade, seja em que grau for, vão assumindo a tonalidade predominante nas relações pessoais.
Isso nos remete à perguntas essenciais : o que foi que houve com a dádiva da fala? Em que momento deixamos de utilizar recursos, que nos são próprios, para nos comportarmos de modo irracional? Quando foi que a conversa, velha e boa conversa, saiu da pauta de nosso dia a dia deixando um espaço sem regras, dentro da dinâmica social?
Apontar o dedo para a sociedade, tratando-a como “sórdida, falida, hipócrita”; classificando-a severamente como a vilã da história, de nada nos ajudará, uma vez que sociedade é a reunião de pessoas, e portanto, nos inclui definitivamente, tornando-nos elementos integrantes e participativos dentro dela, seja de modo pro ativo ou não. A sociedade, portanto, não é uma “entidade”, um “ser”, mas é a reunião das pessoas, e estas sim, é que determinam as características que a sociedade terá.
Se desejarmos uma sociedade diferente, teremos que mudar as pessoas; a maneira de pensar e sentir, para que se possa alterar a conduta, já que são essas maneiras de ser que determinam o comportamento do ser humano.
Sem dúvida a linguagem é a principal forma de comunicação e transmissão do conhecimento, idéias, crenças e até emoções. Sua expressão no processo do relacionamento social é determinante.
O convívio coletivo garante a saúde do grupo e enriquece, sobremaneira, o indivíduo que se dispõe a dedicar-se na arte da conversa. Seja ela técnica, acadêmica, social, não importa, é a conversa que cria o elo que ativa a “liga” da sociedade.
Quando falamos em comunicação interpessoal, podemos pensar em pontes. Criar pontes entre os corações, me parece uma maneira simples de compreender a questão. Quanto mais pontes criamos, mais opções teremos por onde transitar. Lembrando sempre que cada qual passeia pelas pontes sem aprisionar ninguém em seu “território” e nem abandonar o seu em detrimento do outro. Este ir e vir entre o coração das pessoas é, em verdade, a base do movimento social autêntico. Quando as pessoas convivem dentro deste trânsito parece haver naturalmente harmonia e entendimento. A conversa, é o meio do qual dispomos a nos fazer entender. Possui regras que asseguram um bom desempenho, de modo a facilitar as relações interpessoais.
O primeiro passo para interferirmos na sociedade e instaurar, em definitivo, a harmonia nas relações, é investirmos na comunicação, praticar a arte do diálogo e recuperar a dignidade de nossa espécie, que é a única, entre os animais, apta a compreender e ser compreendido.
Ainda é preciso considerar o poder que as palavras exercem sobre nos. Quando ouvimos um elogio, há um bem estar que nos invade e acaba por influenciar nossas ações. Da mesma maneira, quando ouvimos uma ofensa, reagimos de acordo com ela, e passamos a nos comportar também de acordo. Esse simples exemplo evidencia a importância que as palavras têm no convívio social.
Talvez, a informalidade como se apresenta hoje, onde todos falam tudo para todos, tenha alguma responsabilidade na questão da disseminação da violência na sociedade, em todas as instâncias. Acho pertinente que se reflita sobre esta questão.
Não se pode negar que a palavra exerce poder sobre nos. Bom lembrarmos que além da palavra em si, a forma como ela é pronunciada, a tonalidade que se usa para proferi-la traz reações também próprias, que se manifestam no comportamento. Portanto, a gentileza, docilidade, aspereza, impaciência, enfim, a forma como se fala algo a alguém, traz sempre resultados compatíveis à sua natureza.
Ao construirmos pontes entre os corações das pessoas, há ainda um aspecto importantíssimo. Quando falamos com alguém, devemos fazê-lo olhando nos olhos de nosso interlocutor, de tal modo que ele possa ver as reações de nosso olhar. Diz um dito: o que a boca fala os olhos tem que endossar. Isso é imprescindível. A comunicação interpessoal embora se apóie na linguagem, conta com todos esses elementos constitutivos, que complementam as informações e facilitam que ocorra o entendimento.
Há todo um universo de comunicação entre as pessoas para ser explorado. E quanto mais nos dedicarmos a ele, melhor será a relação entre as pessoas que, na atual conjuntura, parece estar frágil e debilitada, esperando a interferência de todos nós.
Acredito que a paz é alicerçada no entendimento dos Homens, e para tanto, há que se aperfeiçoar a arte de dialogar.
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