A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade... Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Desde cedo todos nós somos ensinados a buscar e a esperar pela justiça. Tanto a bíblia como a escola ensinam que a justiça é parte essencial do mundo. E, no estado burguês, a justiça tem nome, existe um poder (Poder Judiciário) e todos são ensinados a respeita-lo. É o ultimo local onde se buscam os direitos, dizem todos. E até os ditados populares ensinam a respeitá-la: “a justiça tarda mas não falha”. Entretanto, na vida real, as coisas não se passam bem assim. O Ministro Marco Aurélio, explicando ter soltado um banqueiro que fugiu para a Itália (Cacciolli) declarou: “todos tem o direito a fugir”. Todos? Claro, para um banqueiro rico e poderoso, este direito é fácil de ser exercido. Para o operário que ocupa uma fábrica e é retirado a força pela polícia federal, como fugir? Como fugir da fome e da miséria do dia a dia nas favelas? Como fugir quando o BOPE invade uma favela e mata a torto e a direito? Sim, até mesmo na imoralidade do nosso Santo Ministro, o direito vale para a burguesia e não vale para a classe operária. Justiça. É o que reclamam os operários que vem seus salários rebaixados. Afinal, neste momento de “recuperação” econômica, as estatísticas mostram que o salário médio baixou nos últimos 12 meses. Aumentou o emprego, diminuiu o salário médio, aumentou o lucro. Justiça. É o que reclamam os que não tem terra, quando uma comissão de senadores consegue paralisar a fiscalização do trabalho escravo reclamando de “demasiada rigidez”. Afinal, fiscalizar fazendas no Pará, fiscalizar fazendas em SP que empregam catadores de laranja com salário abaixo do mínimo é ser “demasiado rígido”, é ser “injusto com quem produz” (os donos das fazendas, coitados, que empregam trabalhadores miseráveis..)Sim, a justiça para a burguesia é simples: a liberdade de comerciar, de explorar, de vender e comprar, seja o que for: o corpo da menina criança na praia de Copacabana, a vida do lavrador convertido em escravo, o voto de um senador, a moral de um Marco Aurélio que adora conceder liberdade a quem tem “o direito de fugir”. Essa é uma Justiça Cinica porque não é moral, não é ética, não é justa, não é digna. É cínica por que esse tipo de procedimento é subterfúgio para não levar grupos que corrompem o país nem a julgamento. Vejam só: nem a julgamento.Prestem atenção: não é ter um julgamento justo; é impedir que cheguem a julgamento. Parece loucura, mas é cinismo.Repito, o problema da democracia brasileira não é a corrupção dos políticos. É a justiça, A Cínica.
quinta-feira, 26 de julho de 2012
domingo, 22 de julho de 2012
É Julho e Dai....?!!!
Apesar de
não ser totalmente alheio à história, a vastidão de acontecimentos muitas vezes
me caem desconexos. É trabalhoso juntar as partes. Mais ainda assimilá-las ao
todo. De qualquer forma, sei que nessas quatro décadas de vida, poucas vezes me
sobrou o direito à tristeza. Das festas de Ano Novo às comemorações do Natal. De um final de semana qualquer, aos feriados e benditas
férias. Tudo tornou-se uma eterna obrigação de divertimento e euforia.
Já não podemos mais passar um final de semana sem ter alguma comprovação de que
ele foi regado a festas, companhias, bebidas, risadas. Parece que todos, o
tempo todo, precisam provar que se divertiram e festejaram. Alheias a dores e
problemas, estão lá fotos em perfis eletrônicos para comprovar o quão felizes foram.
Mesmo que muitas vezes ignorado o fato de tudo ser uma montagem, pura cópia. A
tristeza, os desânimos, parecem uma ofensa a um sistema que oferece euforia
embalada o tempo todo. Mas, não. Calma! Não quero ser triste todo tempo. Quero
apenas o direito de permanecer calado quando doído for algum dia da existência.
Não! Não se engane… Espere. Apenas não quero que sejamos obrigados a ser
felizes o tempo inteiro. Como se fosse uma ofensa à modernidade possuir em suas
sociedades pessoas que não se reconhecem mais em seu tempo, que pedem um pouco
mais de calma. A obrigação de ser feliz tornou-se um tipo de exigência que
precisa ser selada junto com presentes, viagens, bens de consumo que nos levem
à plenitude da existência – se assim tivermos como pagar. Os renegados ao
acesso de consumo sentem-se humilhados, vencidos, diante de tantas ofertas e
tão poucas conquistas. Não, alma! Que conquistas? Méritos na desigualdade? Não,
obrigado! Quero meu direito de viver a vida do espírito aproveitar alguns
prazeres matérias, de ser real sempre– às vezes contundente –, e alegre também.
Mas nuca perder minha personalidade.
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