Lançamos a pedra para cima e ela em breve retornará para baixo, alheios ambos ao fervilhar dos outros homens e pedras que compartilham um planeta onde as plantas buscam o sol e o disputam entre si ao mesmo tempo....Lançamos a pedra para cima e na maioria das vezes não temos nenhum motivo para isso e sequer sabemos de onde veio o íntimo desejo de lançá-la, imersos que estamos num ato tão sem sentido como os que parecem causar nossas mais individuais ambições, medos e angústias – que chegaram a nós não se sabe como e servirão não se sabe para quê, se é que servirão.O que vemos por todo lado, então, é que nada nos aparece como imóvel, imutável ou passivo. O grande mistério das coisas parece ser então o íntimo impulso que cada uma delas possui e que as leva a interagir com as outras em relações sempre provisórias de atração ou repulsa, conflito ou aliança, anexação ou excreção. Nesse caso, que é amizade e o amor senão uma inimizade provisoriamente suspensa? Atualizamos aqui, mais uma vez, a ideia heraclítica da guerra como pai de todas as coisas e deixamos para trás o Eclesiastes, que ignorava o que para nós parece cada vez mais óbvio: que o próprio sol não se repete jamais.
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