segunda-feira, 29 de abril de 2013

Uma Vida em Outra Vida

Aquela era uma das muitas visitas que eu costumava fazer a morada das velhinhas – a casa dita e tida, como que, de repouso -. Eu olhava cada uma delas, e, podia sentir as suas ansiedades; os seus olhinhos brilhando em busca de encontrar seus filhos, entre os grupos de visitantes. Algumas, com sucesso, abraçavam seus familiares e se recolhiam a um cantinho para colocarem os assuntos em dia. Trêmulas, enrugadas, enfraquecidas e abandonadas.

Meditei no quanto se doaram durante suas vidas; em suas renúncias, em todos os sentidos. Algumas, até mesmo, do próprio alimento, para livrarem os filhos da dor da fome.

Pensar, que cada filho deve a sua existência primeiramente a Deus, e, a quem Ele escolheu, para lhes gerar. Fato é que muitas mães não souberam cumprir o seu papel como deveriam.Não si valorizaram e, tampouco, aos filhos. Porém, quantas mães ‘verdadeiras’, jamais se separaram dos seus filhos... ao invés disso, renunciaram a uma vida melhor por eles.Entretanto, ao chegarem a idade em que mais precisam de afeto e aconchego familiar, se viram despojadas por esses filhos, de tudo quanto, construiram em vida.

Poderiam passar os seus últimos anos, convivendo com os netos. Pois, toda a dedicação prestada aos filhos no longo percurso de suas caminhadas, seriam enfim, compensadas.

As desculpas que esses filhos costumam dar para se verem livres dos “pesados fardos” são as mais convincentes possíveis. Desde o fato de não terem tempo para cuidar dela, por trabalharem e não terem como deixá-la só, até o curioso fato de estarem atendendo ao pedido da própria mãe, que, assim decidiu.

Ora, como pode uma mãe, que, quando com vigor, renunciou a tudo, para que, pudesse estar sempre ao lado do filho, resolver se afastar dele e da família, para viver seus últimos dias na solidão? 

Casa de repouso não é hotel.Nada se compara ao aconchego do lar.., a menos que esse tenha deixado de ser. 

O que mais pode alegrar a uma pobre e velha mãe, senão, usufruir do lar, dos filhos e netos? Sabemos, porém, que na maioria das vezes são as noras, as esposas desses filhos, que costumam com um jeitinho ‘AntiDeus’, dobrar os seus esposos aos seus caprichos - “Sua mãe estará convivendo com gente da mesma idade, vai ser ótimo pra ela.”

Gente da mesma idade! 
Todos sonolentos, ranzinzas, alguns briguentos, queixosos, chorões, doentes e outros que já morreram e, ninguém se apercebe, estando num cantinho isolados, clamando em seus espíritos pela hora de seus funerais, que será num caixão barato, pois, o salário deles, dirigido pela ‘casa de repouso’ não dará para nada melhor. Será que o seu filho e/ou filha comparecerá? Ou estarão dando tudo de si, aos seus pequenos e amados filhos...?

Ouvi uma voz eufórica vinda de uma anciã, que, corria para abraçar uma jovem senhora que, caminhava em sua direção:
– ”Minha filha, minha filha! Você veio... Filha!
E, com tristeza, vi a jovem senhora abraçar outra anciã, que, se encontrava próxima a velhinha eufórica. 
Fiz um sinal para uma irmã da Igreja, que nos acompanhava nessa visita.Ela entendeu: caminhou para a velhinha e a abraçou, dizendo: – Estou aqui...! Estou aqui!
E as duas choraram juntas.

A gratidão é a maior medida do caráter de uma pessoa. Uma pessoa grata é uma pessoa fiel, não te abandona, está sempre contigo. Nela você sempre pode confiar.Os nossos inimigos são vulgarmente aqueles a quem devemos, ou que nos devem ingratidão.A gratidão desbloqueia a abundância da vida. Ela torna o que temos em suficiente, e mais. Ela torna a negação em aceitação, caos em ordem, confusão em claridade. Ela pode transformar uma refeição em um banquete, uma casa em um lar, um estranho em um amigo. A gratidão dá sentido ao nosso passado, traz paz para o hoje, e cria uma visão para o amanhã.

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