Apesar de
não ser totalmente alheio à história, a vastidão de acontecimentos muitas vezes
me caem desconexos. É trabalhoso juntar as partes. Mais ainda assimilá-las ao
todo. De qualquer forma, sei que nessas quatro décadas de vida, poucas vezes me
sobrou o direito à tristeza. Das festas de Ano Novo às comemorações do Natal. De um final de semana qualquer, aos feriados e benditas
férias. Tudo tornou-se uma eterna obrigação de divertimento e euforia.
Já não podemos mais passar um final de semana sem ter alguma comprovação de que
ele foi regado a festas, companhias, bebidas, risadas. Parece que todos, o
tempo todo, precisam provar que se divertiram e festejaram. Alheias a dores e
problemas, estão lá fotos em perfis eletrônicos para comprovar o quão felizes foram.
Mesmo que muitas vezes ignorado o fato de tudo ser uma montagem, pura cópia. A
tristeza, os desânimos, parecem uma ofensa a um sistema que oferece euforia
embalada o tempo todo. Mas, não. Calma! Não quero ser triste todo tempo. Quero
apenas o direito de permanecer calado quando doído for algum dia da existência.
Não! Não se engane… Espere. Apenas não quero que sejamos obrigados a ser
felizes o tempo inteiro. Como se fosse uma ofensa à modernidade possuir em suas
sociedades pessoas que não se reconhecem mais em seu tempo, que pedem um pouco
mais de calma. A obrigação de ser feliz tornou-se um tipo de exigência que
precisa ser selada junto com presentes, viagens, bens de consumo que nos levem
à plenitude da existência – se assim tivermos como pagar. Os renegados ao
acesso de consumo sentem-se humilhados, vencidos, diante de tantas ofertas e
tão poucas conquistas. Não, alma! Que conquistas? Méritos na desigualdade? Não,
obrigado! Quero meu direito de viver a vida do espírito aproveitar alguns
prazeres matérias, de ser real sempre– às vezes contundente –, e alegre também.
Mas nuca perder minha personalidade.
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